DESTINO
Restaurante, personagem irreal, rua, chuva, relâmpagos, tormenta, medo, táxi, hotel.
Descanso...
Beatriz adormeceu.
Sonhos, lugares conhecidos, verões agradáveis na companhia de amigos.
Formaturas, conquistas.
Viagem à Paris ao lado de Antenor. Alegrias.
Tudo se misturava com brigas diárias, rotina, desejo de fugir.
Não sabia onde se encontrava.
Uma estrada estreita, de barro vermelho surge à sua frente. Encontra-se na zona rural.
Ouve o barulho de água a correr entre as pedras. Mata verde. Ar puro.
Respira profundamente.
Pássaros cantam. Lugar calmo e convidativo.
Salta entre as pedras. Atravessa o arroio. Arrisca-se. Embrenha-se na mata. Caminha até a exaustão.
Surgem caminhos à sua frente.
Olha para trás. Não dá para retornar. Tem que seguir em frente. Que caminho tomar? Fica em dúvida, como em toda sua vida.
Sente medo. Este sentimento também é conhecido. - Droga! Tudo igual. Realidade e Sonho.
Corre, tropeça. Cai.
ACORDA!
Respiração ofegante, suor, novamente o medo. Abandono.
Levanta-se. Vai à janela. A chuva cessou.
O sol retorna tímido.
Sua esperança também.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
EMBARAÇO
Desde que atendi aquela mulher no restaurante ela me pareceu perturbada.
Sua expressão ora demonstrava alegria, ora confusão com mistura de perplexidade, tal o mistério de sua face. Confesso que seus olhos chamaram minha atenção. Um azul profundo, misterioso.
O término de meu turno de trabalho coincidiu com sua saída do restaurante.
Com passos eram inseguros, seus olhos buscavam algo que ela não sabia, pois virava – se constantemente para o lado, ao mesmo tempo em que procurava algo na bolsa. Parecia querer sair do local rapidamente. Estava meio desconcertada, diferente do ar que aparentava ao entrar.
Estava calma, com o olhar ao longe como quem faz plano.
Estava tranqüila. Aproveita o momento displicente.
Quando a atendi estava com as emoções sob controle.
Em um dado momento, que não sei qual, a impressão que tive é que ela havia visto algo que a perturbara.
O que seria?Alguém indesejado? Lembrara-se de algo que a fazia sofrer?
Não sei.
Neste momento, eu a via ali, à minha frente na rua movimentada e não sabia o que fazer. Imaginava que ela precisasse de auxílio, mas não queria ser mal interpretado.
Desde que atendi aquela mulher no restaurante ela me pareceu perturbada.
Sua expressão ora demonstrava alegria, ora confusão com mistura de perplexidade, tal o mistério de sua face. Confesso que seus olhos chamaram minha atenção. Um azul profundo, misterioso.
O término de meu turno de trabalho coincidiu com sua saída do restaurante.
Com passos eram inseguros, seus olhos buscavam algo que ela não sabia, pois virava – se constantemente para o lado, ao mesmo tempo em que procurava algo na bolsa. Parecia querer sair do local rapidamente. Estava meio desconcertada, diferente do ar que aparentava ao entrar.
Estava calma, com o olhar ao longe como quem faz plano.
Estava tranqüila. Aproveita o momento displicente.
Quando a atendi estava com as emoções sob controle.
Em um dado momento, que não sei qual, a impressão que tive é que ela havia visto algo que a perturbara.
O que seria?Alguém indesejado? Lembrara-se de algo que a fazia sofrer?
Não sei.
Neste momento, eu a via ali, à minha frente na rua movimentada e não sabia o que fazer. Imaginava que ela precisasse de auxílio, mas não queria ser mal interpretado.
PERCEPÇÃO
Fui passar o final de semana fora. O mais interessante de tudo: sozinha. Precisava respirar. Sentia-me sufocada com tanta exigência por parte dos que me cercam. Nunca tinha feito isto. Estava feliz e temerosa. Como me sairia? Seria uma pequena prova do que é viver só. Queria sentir o gostinho da liberdade. Ou da solidão.
Não seria mais do que um final de semana.
Almocei no restaurante que me pareceu satisfatório. Bonito, boa freqüência, as pessoas falando discretamente. Não gosto de pessoas falando alto nem gesticulando em excesso.
Procurei uma mesa de canto, com boa visibilidade para o restaurante e para a rua, que eu podia ver através da grande janela.
O almoço se desenrolava tranquilamente. Depois iria caminhar para rever a cidade que me encanta. Lojas, cinemas, galerias, teatro estavam incluídos em meu roteiro de final de semana. A ordem não importava. Queria aproveitar tudo.
Meu desejo secreto: redescobrir meus gostos, recuperar recordações de outrora, reencontrar a jovem de 20 anos atrás. Quem sabe resgatar sonhos que se perderam.
Algo inusitado aconteceu.
Na mesa à minha direita percebi alguém que parecia familiar. Não lembrava quem era, se personagem de um livro ou de um filme. Talvez ambos.
Era bonita, com ar requintado, gestos comedidos e sorriso controlado. O olhar era distante, como de quem sonha.
O homem ao lado, cortês, amável, solícito, não deixava espaço para ela respirar, viver, desenvolver-se. Dava-me a idéia de um cão a lamber seu dono. Era como se adivinhasse o que ela iria fazer e se antecipava. Atitude castradora.
Soterrada em meio a tanta gentileza ela parecia sentir-se livre nos pensamentos.
O garçom dirigiu-se a ele como Dr. Carlos. Ele tratava a esposa pelo nome: Emma. Descobri quem eram. Não conseguia acreditar naquela materialização. Eu devia estar doente.
Parecia uma cena real.
Tive vontade de me dirigir a eles. Perguntar a ela inúmeras coisas. Se me respondesse talvez suas respostas me auxiliassem, mas também poderia desaparecer.
Fui passar o final de semana fora. O mais interessante de tudo: sozinha. Precisava respirar. Sentia-me sufocada com tanta exigência por parte dos que me cercam. Nunca tinha feito isto. Estava feliz e temerosa. Como me sairia? Seria uma pequena prova do que é viver só. Queria sentir o gostinho da liberdade. Ou da solidão.
Não seria mais do que um final de semana.
Almocei no restaurante que me pareceu satisfatório. Bonito, boa freqüência, as pessoas falando discretamente. Não gosto de pessoas falando alto nem gesticulando em excesso.
Procurei uma mesa de canto, com boa visibilidade para o restaurante e para a rua, que eu podia ver através da grande janela.
O almoço se desenrolava tranquilamente. Depois iria caminhar para rever a cidade que me encanta. Lojas, cinemas, galerias, teatro estavam incluídos em meu roteiro de final de semana. A ordem não importava. Queria aproveitar tudo.
Meu desejo secreto: redescobrir meus gostos, recuperar recordações de outrora, reencontrar a jovem de 20 anos atrás. Quem sabe resgatar sonhos que se perderam.
Algo inusitado aconteceu.
Na mesa à minha direita percebi alguém que parecia familiar. Não lembrava quem era, se personagem de um livro ou de um filme. Talvez ambos.
Era bonita, com ar requintado, gestos comedidos e sorriso controlado. O olhar era distante, como de quem sonha.
O homem ao lado, cortês, amável, solícito, não deixava espaço para ela respirar, viver, desenvolver-se. Dava-me a idéia de um cão a lamber seu dono. Era como se adivinhasse o que ela iria fazer e se antecipava. Atitude castradora.
Soterrada em meio a tanta gentileza ela parecia sentir-se livre nos pensamentos.
O garçom dirigiu-se a ele como Dr. Carlos. Ele tratava a esposa pelo nome: Emma. Descobri quem eram. Não conseguia acreditar naquela materialização. Eu devia estar doente.
Parecia uma cena real.
Tive vontade de me dirigir a eles. Perguntar a ela inúmeras coisas. Se me respondesse talvez suas respostas me auxiliassem, mas também poderia desaparecer.
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