A ausência de sol deixava o dia igual sua vida: sem brilho.
Não esperava nada diferente naquele dia, até que o barulho da campainha tocada apressadamente, como se alguém tivesse pressa a surpreendeu. Atendeu.
Ao abrir a porta: Surpresa!
Era sua irmã. (Não a via há muito tempo)
Desde a morte de seu pai, encontravam-se esporadicamente. Falavam-se pouco. Viviam distanciadas. Quando se encontravam não tinham muitas coisas boas para lembrar. Só as dificuldades. Preferia esquecer.
Surpreendeu-se com o abraço da irmã.
_ O que aconteceu? Indagou. Pareces muito aflita.
Marta, entre lágrimas respondeu:
_ Estou só! Felipe partiu sem conversa, sem explicação. Só uma carta.
Tornou a abraçar Beatriz. Ela permanecia imóvel. Não estendia os braços. Não se movia. Não dizia uma palavra. Parecia longe dali.
Imaginou-se no lugar de Marta. Se acontecesse com ela? Não sabia responder. Lembrou-se de Antenor, dos abraços carinhosos de outrora, dos planos, dos risos alegres, dos filhos, dos momentos felizes, dos olhares cúmplices.
Não sabia definir o que se passava.
Lágrimas quentes, silenciosas escorreram.
Estendeu os braços. Trouxe Marta para junto de seu peito.
Há muito não chorava.
Era uma sensação estranha, mas parecia aliviada.
Sentiu que deseja um abraço, um aconchego, calor humano.
Sua pele estava quente. Seu coração parecia derreter.
Publicado no site: www.usinadaspalavras.com ( A LÁGRIMA INÚTIL)
Data: 2007.09.10
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